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do CNPq, do qual se torna seu primeiro
presidente. O papel da ciência no desen-
volvimento e no protagonismo internacio-
nal das nações estava então em grande
evidência, especialmente diante da trági-
ca demonstração do poder da energia nu-
clear em Hiroshima e Nagasaki. Um ano
antes, é criada a National Science Foun-
dation, nos Estados Unidos da América.
Em 1956, Álvaro Alberto cria a Comissão
Nacional de Energia Nuclear. A Marinha contribui com as pesquisas científicas na Antártica
Começa aí a institucionalização da
ciência brasileira, um processo comple-
tado com a criação da CAPES, da FINEP outras iniciativas, que incluem visitas a Nesses tempos de pandemia e de crise
e das Fundações Estaduais de Amparo à centros de pesquisa da Força e um troféu econômica e social, outros países apon-
Pesquisa. Graças a essas instituições e que reproduz um farol, simbolizando uma tam o caminho da navegação. O governo
ao Fundo Nacional de Desenvolvimento direção a seguir, baseada na ciência e na dos Estados Unidos investirão 250 bi-
Científico e Tecnológico (FNDCT), é pos- tecnologia. lhões de dólares em pesquisa nos pró-
sível ter uma EMBRAPA, uma EMBRAER, O episódio recente de derramamento ximos cinco anos. A Europa alocou 77
Por: Luiz Davidovich* um reator multipropósito, a exploração de petróleo no litoral brasileiro exempli- bilhões de euros no programa “Horizon
de petróleo em águas profundas, diversas ficou a consistência dessa colaboração, 2020” de financiamento da pesquisa,
empresas com protagonismo internacio- através de um primeiro seminário reali- para o período de 2014 a 2020, e preten-
nal, progressos notáveis na área de saú- zado em Recife pela ABC, com a partici- de alocar perto de 100 bilhões de euros
de, infraestruturas de pesquisa de uni- pação da Marinha, logo após o derrama- para o período de 2021 a 2027, ao mes-
versidades, e a formação de profissionais mento, e da constituição pela Marinha mo tempo que considera uma proposta
que ajudam a construir o futuro do País. da Comissão Técnico-Científica para o de 1,85 trilhões de euros para um plano
Embora seja notável, nesses episó- Assessoramento e Apoio das Atividades de recuperação pós-pandemia. A China
dios que levaram ao CNPq e à Comissão de Monitoramento e Neutralização dos aumentou em 10% seu orçamento para
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a Impactos Decorrentes da Poluição Mari- pesquisa em 2021.
contribuição pessoal do Almirante Álvaro nha por Óleo e outros Poluentes na Ama- O Brasil, no entanto, tem reduzido,
Alberto, suas ações refletem um envolvi- zônia Azul. Uma iniciativa que vai além do nos últimos anos, os investimentos em
mento intenso da Marinha do Brasil com derramamento de óleo, evidenciando um ciência, tecnologia e inovação, e o orça-
a ciência, a tecnologia e a inovação, bem compromisso da Marinha do Brasil com mento para 2021 prevê redução subs-
como uma cooperação frequente com a o ecossistema da Amazônia Azul, que de- tancial dos recursos para o CNPq, FINEP
Academia Brasileira de Ciências, ainda manda ciência de fronteira para sua pre- e CAPES. A reversão dessa tendência é
nos dias de hoje. servação, que deve incluir a exploração essencial para que o País possa recupe-
A colaboração entre a Marinha do sustentável de sua biodiversidade. rar sua economia, seriamente prejudica-
Brasil, a ABC e o CNPq é celebrada anual- Vários projetos da Marinha envolvem da pela pandemia, e ocupar, no cenário
mente, por ocasião da outorga do Prêmio ciência e tecnologias de fronteira. Esse é internacional, o lugar que merece em
Álvaro Alberto, o grande prêmio nacional o caso do reator multipropósito, desen- função do tamanho de sua economia, da
na área de ciência e tecnologia. A Mari- volvido pela Amazul, com forte impacto abundância de seus recursos naturais
nha do Brasil acrescentou, a esse prêmio, sobre a produção de radioquímicos e a e da história exemplar de sucessos da
saúde da população brasileira. O Navio ciência e da tecnologia nacionais. Ape-
de Pesquisa Hidroceanográfico “Vital de sar desses contratempos, ou até mesmo
Oliveira” tem sido um equipamento mui- motivada por eles, a colaboração entre
to importante para pesquisas oceânicas, a Academia Brasileira de Ciências e a
com forte envolvimento da comunidade Marinha do Brasil certamente continu-
científica nacional. E o submarino nucle- ará no futuro como no passado, contri-
ar envolve tecnologias sofisticadas, que buindo para o bem-estar e a segurança
demandam produção nacional. da população e para o protagonismo
O futuro indicado pelo farol da ciên- internacional do País, usando uma arma
cia depende, certamente, dos sucessos que é comum a essas duas instituições:
do passado, mas isso não é suficiente. o conhecimento.
*Presidente da Academia Brasileira de Ciências
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