Enviado em: 17/04/2021
A meningite nada mais é do que um processo de inflamação nas membranas que envolvem o encéfalo, ou seja, o cérebro e a medula espinhal. Essa inflamação pode ser causada por bactérias ou vírus na maioria das situações.
Se esses microrganismos conseguirem vencer as defesas do nosso organismo e instalar-se nas meninges, elas se inflamam, podendo produzir uma infecção que se espalha por todo o Sistema Nervoso Central.
MENINGITE VIRAL – Como o próprio nome já diz, os vírus são os responsáveis pela meningite viral, que normalmente apresenta quadros mais leves. Seus sintomas são parecidos, e até podem se confundir, com os da gripe e dos resfriados que estamos acostumados a ter.
A doença acontece mais em crianças e os pais podem identificar os sinais, que normalmente se apresentam na forma de: febre, dor de cabeça e vômitos. Nesses casos, a solução é a criança ser examinada por médico.
MENINGITE BACTERIANA – E a meningite bacteriana? Essa pode ser mais grave. Sua suspeita gera uma emergência médica, que requer rápido diagnóstico e antibióticos específicos.
Ela possui dois padrões de apresentação. A apresentação mais dramática, e felizmente menos comum, que mostra um início repentino, com manifestações rapidamente progressivas de choque e redução do nível de consciência, resultando em morte dentro de horas.
E a apresentação frequentemente precedida por sintomas ligados às vias respiratórias ou gastrointestinais, seguidos por sinais de infecção do Sistema Nervoso Central, como letargia (cansaço que envolve diminuição da energia, da capacidade mental e da motivação) e irritabilidade.
Outros sintomas incluem febre (presente em 90-95% dos casos), perda de apetite e recusa alimentar, dor muscular ou no corpo, rigidez da nuca, taquicardia e diversos sinais na pele como pequenas bolinhas vermelhas espalhadas pelo corpo.
Nem sempre, principalmente em crianças menores de 2 anos, os sinais são evidentes. A presença de dor de cabeça, vômitos, fontanela abaulada (“moleira alta”) em bebês, paralisia de nervos cranianos, apneia (ausência de respiração) ou hiperventilação podem ser sintomas de hipertensão intracraniana e também caracterizam o problema. Observam-se, ainda, convulsões em 20-30% dos casos.
Infelizmente, quadros mais graves, tanto da meningite bacteriana quanto da viral, podem gerar sequelas neurológicas, incluindo surdez, deficiência mental, espasticidade e/ou redução da força e convulsões, que ocorrem em 15 a 25% dos sobreviventes.
DIAGNÓSTICO – Quanto mais rápido o tratamento, menores as chances do quadro evoluir negativamente. O diagnóstico de ambas as meningites é feito pelo exame do líquor (teste laboratorial mais importante para o diagnóstico de meningite), para saber o tipo de agente infeccioso naquele caso.
Se for uma bactéria, o antibiótico é a solução e deve ser oferecido rapidamente. Se se tratar de um vírus, os cuidados são semelhantes aos de uma virose, mas, em alguns casos, é necessário associar antivirais e corticoides.
VACINAÇÃO – A incidência de meningite teve redução significativa nos últimos anos (cerca de 50% de 2000 a 2009) de acordo com os autores de "Meningite bacteriana em pediatria", com reflexo na mortalidade, graças às campanhas de vacinação e ao uso de antibióticos imediatamente após a suspeita de meningite.
A vacinação, seguindo o calendário vacinal, é a maneira mais eficaz de prevenção dos mais variados tipos de meningites bacterianas e contra os quatro subtipos da meningite meningocócica: a vacina ACWY está disponível no Programa Nacional de Imunização.
Já a meningite viral não possui vacina, sendo importante para a prevenção a intensificação da higiene e evitar viroses, que podem comprometer o Sistema Nervoso Central. Cuide da saúde e se perceber sintomas suspeitos, dirija-se ao atendimento médico de emergência.
Neuropediatra – Assistente da Clínica de Pediatria
Hospital Naval Marcílio Dias
Referência: Campos, Maisa Carla, Mariana Ibaldi Rodrigues e Francisco Bruno. "Meningite bacteriana em pediatria". Portal Regional da BVS (2018).
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