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A mulher e a menopausa

  • Publicado em 14/03/2018 - 07:42
  • Atualizado em 06/04/2018 - 12:30
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Menopausa

“Mulher é bicho esquisito. Todo mês sangra.”

E quando para de sangrar todo mês?
Em um filme passado na Idade Média, um nobre influente da corte diz: “A rainha está seca, não serve mais para nada!”, se referindo ao fato dela não mais poder dar um herdeiro ao rei, apesar de ser uma excelente e ativa conselheira do marido nos assuntos de Estado.Antigamente pensava-se assim. Antigamente mesmo?

Na vida da mulher, há marcos concretos e objetivos que sinalizam suas diferentes fases, tais como a menarca (primeira menstruação), a gestação e a menopausa (última menstruação). São episódios marcantes para o seu corpo e sua história de vida, que em cada cultura possui diferentes significados.

Apesar de serem fenômenos naturais da fisiologia feminina, a menstruação e a menopausa, por muito tempo foram e até consideradas doença. Ainda hoje, persiste uma ideia errônea que associa feminilidade aos aspectos da fertilidade e da juventude, o que pode fazer com que as mulheres, após a menopausa, sintam-se incapazes de desempenhar normalmente suas atividades ou empreenderem-se em novos projetos de vida.

Atualmente, com o aumento da longevidade e a forte inserção da mulher na sociedade, principalmente nos grandes centros urbanos, o período pós-menopausa se torna cada vez mais longo, tornando necessário compreender e assimilar as mudanças físicas e psíquicas que o envolve.

Climatério e Menopausa
Há muita confusão sobre estes dois termos.Vejamos as diferenças:

Climatério- definido pela Organização Mundial da Saúde como uma fase biológica da vida que compreende o período que vai desde a transição entre a fase reprodutiva e a não reprodutiva da vida da mulher até a sua chegada a chamada terceira idade. Engloba um conjunto de sintomas e que podem ocasionar alterações físicas e psíquicas na mulher.

Menopausa- se refere à última menstruação da mulher. Na transição entre essas duas fases (reprodutiva e não reprodutiva), geralmente em torno dos 50 anos, é comum que as menstruações fiquem espaçadas e irregulares. Por isso, só se considera menopausa após a mulher passar, pelo menos, 12 meses sem menstruar.

Características mais comuns
A diminuição na produção dos hormônios sexuais femininos pode resultar em uma série de mudanças no corpo da mulher, sentidas a curto, médio e longo prazos.

Curto prazo Médio prazo Longo prazo
  • Irregularidades menstruais, menstruações mais escassas, hemorragias e menstruações mais ou menos freqüentes;
  • episódios de ondas de calor (fogachos) – episódios súbitos de sensação de calor na face, pescoço e parte superior do tronco, geralmente acompanhados de rubor facial e sudorese; e
  • sintomas psíquicos: irritabilidade, variações de humor, distúrbios do sono.
  • Diminuição do desejo sexual;
  • atrofia urogenital, com o afinamento e o ressecamento da mucosa que reveste a vagina, causando, em muitos casos, dor durante o sexo;
  • alterações na pele, que perde o vigor, nos cabelos e nas unhas, que ficam mais finos e quebradiços; e
  • alterações na distribuição da gordura o corpo.
  • Perda de massa óssea (osteopenia), podendo resultar em osteoporose; e
  • risco aumentado de doenças cardiovasculares.

Segundo o Ministério da Saúde, pesquisas têm mostrado que a freqüência e a intensidade das manifestações e desconfortos físicos e psíquicos neste período reflete na história de vida de cada mulher, considerando os fatores hereditários, culturais, condições sociais e econômicas e não somente eventos relacionados às alterações hormonais.

Dependendo da sua estrutura psicológica, recursos internos e personalidade, a mulher irá elaborar de forma construtiva ou não as modificações que estão ocorrendo em sua vida na época da menopausa.

Importante ressaltar que, com ou sem sintomas físicos e psíquicos, sentimentos negativos ou positivos, há necessidade de acompanhamento médico periódico, desde os primeiros sintomas, visando à promoção da saúde, o tratamento imediato dos agravos e a prevenção de danos. Somente desta forma será possível decidir o tratamento adequado para cada caso.
O período do climatério deve ser encarado como uma etapa da vida como outra qualquer, com perdas e ganhos, altos e baixos, mas, sobretudo, como uma fase de aprendizagem dos limites e oportunidades do processo de envelhecimento, descoberta de novos conhecimentos e desafios, vivência de novas liberdades e início de inúmeras possibilidades para as mulheres.

...”Por isso não provoque, é cor de rosa choque!”.
Cor de rosa choque - Rita Lee

Ana Lúcia Castilhioni
Capitão de Mar e Guerra (RM1-S)
Conselho Editorial Saúde Naval


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